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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Da Glau



Boca da mata
cambaleante
vem delirante, um orixá

Banho em cascata
fica distante
força das águas
desatinar

Desaba essa tempestade em mim
desarrazoa, fode meu latim

Bronze e prata
tecem semblante
trama ancestral a me enredar

Banca danada
gingado errante
jogo infame
pra se esbaldar

Desaba essa poesia em mim
desarrazoa, esquece o latim

sábado, 26 de junho de 2010

A vila II (Tempestade)

Um netuno azul
de olhos esbugalhados e barbas chamuscadas
urrava surdamente
no horizonte de seu oceano elétrico
Com suas belas ninfas, levava os braços para frente
e para trás, numa fúria serena

Como uma extensão do Deus,
braços marítimos se lançavam à areia
recuando, porém.

Um rio de eletricidade rasgava a vila
e alimentava o mar
Habitado por poraquês que, sem sentido, chocavam-se,
permitindo aqui e ali maravilhas ocasionais
- pequenas explosões intra-fluviais -

Nascia dos dedos infinitos de Iansã
cujos olhos espocavam em flashes
de pertinência estroboscópica

E, naquele silêncio atônito,
só se ouvia um som - afônico
ecos de fonemas,
graves, consonantais,
ecos ouvidos na Vila
ecos sentidos na Vila
No entanto, sem nascer ou morrer na Vila
eco moto-contínuo

sexta-feira, 4 de junho de 2010

RISCOS

Uma pedra paraboliza-se
no céu próximo.

Queda e atinge
a face quebradiça da água.

Desfaz-se em círculos
hiperbolizantes
que atingem os pés
de quem a pedra lança.

A retina se liga- com traço que dança -
ao que a mão não alcança.